NOVA TECNICA DÁ ESPERANÇAS A MULHERES COM CÂNCER QUE QUEREM ENGRAVIDAR


A criopreservação ovariana consiste em retirar fragmentos ou até metade do ovário por meio de uma videolaparoscopia. Em seguida, o tecido é congelado em pedaços de 1cm, em nitrogênio líquido, a uma temperatura de -196º C. Depois de congelado, pode permanecer assim por tempo indeterminado, até que a paciente possa e queira reimplantá-lo(Hank Morgan/Latinstock/VEJA)
Mulheres que vão se submeter a tratamentos que afetam a fertilidade, como a quimioterapia, agora têm um novo recurso para ter filhos: o congelamento ou criopreservação do tecido ovariano.
Ainda considerada experimental, a técnica consiste em retirar um pedaço ou até metade do ovário por meio de uma videolaparoscopia. Em seguida, o tecido é congelado em fragmentos de 1 centímetro, em nitrogênio líquido, à temperatura de -196º C. O ovário pode permanecer congelado por tempo indeterminado, já que o tecido não envelhece.
Após a liberação do oncologista, a paciente pode realizar o reimplante do tecido ovariano, caso o órgão remanescente tenha sido danificado durante o tratamento, o que ocorre na maioria dos casos. O tecido é reimplantando por meio de uma nova videolaparoscopia. Espera-se que entre dois e três meses após a cirurgia o órgão retome suas funções hormonais e a paciente possa engravidar de forma natural ou por fertilização in vitro (FIV).
Os especialistas ressaltam que a opção do reimplante é importante mesmo para mulheres que não querem engravidar, já que o ovário desempenha uma importante função endócrina.
Congelamento de óvulos versus tecido ovariano – Em comparação com o congelamento de óvulos ou de embriões, técnicas já estabelecidas há mais de uma década, a criopreservação do ovário é mais complexa. Entretanto, em alguns casos, ela é a única esperança para mulheres que desejam engravidar – e é a única forma de tentar restaurar a função hormonal do ovário, caso ela se deteriore após o tratamento.
“A grande inovação desta técnica é que ela dispensa tratamento prévio e o tempo necessário para o congelamento de óvulos. Além disso, é a única esperança de meninas pré-púberes tentarem manter a fertilidade”, explica Maurício Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.
Explica Edson Borges, diretor clínico do Centro de Fertilização Assistida Fertility, em São Paulo: “Meninas que ainda não entraram na puberdade não podem fazer congelamento de óvulos, simplesmente porque elas não têm óvulos. Nesses casos, a criopreservação do tecido é a única opção para elas tentarem engravidar no futuro.”
No entanto, Borges ressalta que ainda não se sabe como é a recuperação da fertilidade nas crianças. “Ao contrário das mulheres que já menstruaram, o ovário de meninas pré-púberes ainda não amadureceu e por isso não teve sua função reprodutiva ativada. Assim, quando há o reimplante de um ovário nessas condições é necessário realizar a maturação do tecido retirado em laboratório antes do reimplante. É algo que ainda não podemos garantir que irá acontecer. Mas acredito que vale muito a pena tentar”, afirma.
Para congelar óvulos ou embriões, a mulher passa por uma indução de ovulação que demora entre 10 e 15 dias. Já na nova técnica, o procedimento é cirúrgico e não precisa de preparação prévia. A desvantagem é que o método é mais invasivo e requer internação hospitalar de um a dois dias.
Fonte: VEJA

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