Bom humor: um poderoso aliado contra o câncer

Ao lado da mais alta tecnologia e dos mais modernos procedimentos, um aliado bem simples é tão ou mais importante na difícil batalha contra o câncer: o bom humor. Foi ele quem ajudou a jovem Carol Costa a superar uma leucemia
IMG_9618
Depois de receber o diagnóstico do câncer, a primeira sensação, em geral, é de choque. As reações seguintes dependem muito de cada pessoa. Algumas acreditam que não vão superar a doença e ficam melancólicas, enquanto outras se tornam mais pró-ativas e buscam formas de lidar com o problema com bom humor. Carol Costa faz parte do segundo grupo. Ela criou uma página no Facebook, a “Espelho, espelho meu” e começou a disseminar alegria, força e dicas de como enfrentar o câncer sem deixar de ser bonita, sem deixar a luz apagar.
“Eu comecei a apresentar os sintomas e tive o diagnóstico no dia 24 de outubro de 2010: Leucemia Mieloide Aguda. Eu era uma menina de apenas 16 anos de idade na época. Havia apenas um caso (de câncer) na minha família, meu avô paterno que veio a falecer com Linfoma”, explica. No início do tratamento, realizado no Hospital HSM, em Belém, Carol passava mais tempo lá do que em casa. “Quando eu recebia alta, procurava levar a vida sempre de maneira leve e buscava coisas que me fizessem bem, como, por exemplo, uma saída com os amigos, filmes, costumava sair para comer uma boa pizza com os meus pais e com o meu irmão”, relata Carol.
A jovem sempre lidou com a situação de uma maneira tranquila e se esforçando, sempre, para manter o alto astral. A dica dada por ela é procurar definir um objetivo. “Eu acho muito importante ter um objetivo, procurava pensar nas soluções e não nos problemas. Eu ia para o HSM e passava cerca de um mês. Levava livros e maquiagem, minha mãe levava uma bíblia. Procurávamos fazer de tudo um pouco para nos distrairmos dentro de um quarto. Graças a Deus eu nunca tive efeitos colaterais, a quimioterapia sempre entrou como um soro. Eu e minha mãe orávamos toda hora e pedíamos que os médicos que estivessem cuidando de toda a situação fossem apenas instrumentos de Deus”, relembra.
1381441_535391109872729_1962610227_n-e1385042372438
Por diversas vezes, ela chegou a imaginar que aquele seria o fim. “Pensava que não iria conseguir, mas ao mesmo tempo acreditava que não estava passando por toda aquela situação por acaso, sentia que aquilo ali iria servir para alguma coisa e que poderia estar sendo usada para ajudar uma ou várias pessoas no futuro”. E ela estava certa.
Logo depois da primeira internação, Carol não respondeu ao primeiro tratamento, o que fez sua médica chegar à conclusão, dentre outros fatores, que esta era uma questão de transplante. O que Carol não esperava, era que a solução estivesse bem ao seu lado em todos os momentos: seu irmão, que foi o seu doador de medula.
IMG_39441-e1385041369643
Facebook – O transplante foi um sucesso. Logo depois, surgiu a página no Facebook. “Eu queria compartilhar a minha experiência com pessoas que estivessem enfrentando o mesmo problema, que tinha acabado de passar. Achei que, no momento, o meio mais fácil seria através de uma rede social, como o facebook”, conta. Perucas, lenços, maquiagem, saúde e muita autoestima eram as principais dicas.
“Não queria perder tempo. No dia que eu recebi alta, senti uma alegria tão grande, que na mesma hora me deu vontade de passar este sentimento para os outros e mostrar que, com força de vontade, conseguimos enfrentar qualquer tipo de problema, pois acredito que Deus nunca dá um fardo maior do que podemos carregar”, explica Carol.
Quando perguntamos a Carol de onde surgiu o nome da página, a resposta veio digna de uma pessoa forte e sonhadora. “O nome da página foi inspirado no filme da Branca de Neve. Costumava acordar e me olhar no espelho, sem cabelo, sem cílios e sem sobrancelha e mesmo assim fazia questão de perguntar ‘Espelho, espelho meu, existem alguém mais bela do que eu!?’”, conta entre risos.
Autoestima – Segundo Carol, a reconquista da autoestima não foi fácil. “Não foi de uma hora para a outra. Tive os meus momentos depressivos. Mas, a minha vontade de viver sempre foi muito grande. Comecei a assistir aulas na internet que ensinavam truques de maquiagem, como cuidar e usar perucas, como amarrar lenços de diferentes maneiras, enfim. Foi aí que eu percebi que não era uma ‘simples’ quimioterapia, que iria me deixar desanimada”, afirma.
IMG_9579
Carol começou a ver que não era só ela nessa situação, havia outras mulheres no hospital que estavam ficando depressivas devido aos efeitos colaterais das medicações. “Analisei tudo aquilo, superei a situação e resolvi trabalhar como voluntária no próprio hospital, dando dicas de beleza e como se sentir melhor, buscando a força interior que existe em cada pessoa. Hoje, não me interno mais, porém, continuo a dar dicas através da minha página na internet”, explica.
O Depois – De acordo com Carol, o sentimento de finalizar um tratamento com sucesso é inexplicável. “É uma alegria tão grande que, às vezes, parece que não vai dar dentro do meu peito. Lutei durante três anos da minha vida contra uma doença perigosa. Eu nasci de novo em todos os sentidos. Sinto que agora eu me tornei uma pessoa muito melhor e aprendi a ver beleza nas pequenas coisas”.
A jovem pretende continuar sua faculdade de arquitetura e urbanismo, atualizar cada vez mais a sua página no Facebook e o mais importante, viver um dia de cada vez de forma intensa, levando na bagagem uma experiência única.
A página ainda é nova, mas já revoluciona a vida de muita gente. “Ainda tenho uma longa estrada para percorrer, mas mesmo assim os seguidores costumam corresponder de maneira muito positiva, o que me deixa muito feliz porque eu vejo que uma simples ideia que eu tive está valendo a pena”, acrescenta.
“Acredito que uma das melhores armas para vencer o câncer ainda é à força de vontade. Acredito, ainda, que devemos sempre se ligar nas soluções e não nos problemas e procurar ter sempre pensamentos positivos com um objetivo claro e real em mente e, o mais importante de tudo, entregar tudo nas mãos de Deus, pois Ele é o médico dos médicos e quando não cura o paciente, ainda assim Ele cura a família”, Carol Costa, bailarina e estudante de arquitetura. Durante três anos, enfrentou uma Leucemia Mieloide Aguda, que foi finalmente vencida em 2013.
002-e1385043373199
Leucemia mieloide aguda (LMA), também conhecida como leucemia mielogênica aguda, é um câncer/cancro da linha mieloide dos glóbulos brancos que se caracteriza pela rápida proliferação de células anormais e malignas – os blastos – que não amadurecem, não desempenham sua função e ainda se acumulam na medula óssea, interferindo na produção normal de outras células sanguíneas. É o tipo mais comum de leucemia aguda que afeta adultos, e sua incidência aumenta com o envelhecimento.

Comentários