Jogos podem reduzir sintomas do déficit de atenção
Cada vez mais os video games passam a ser vistos além do caráter lúdico, deixando de ser meras peças de entretenimento, para serem também importantes ferramentas no auxílio do tratamento de pacientes. É neste sentido que a Rede de Pesquisadores Neuro Games está estudando e desenvolvendo jogos com o objetivo de tratar e ajudar a diminuir os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O projeto envolve profissionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da norte-americana Duke University. O trabalho foi iniciado há cinco anos, quando os psicólogos Thiago Rivero e Orlando Francisco Amodeo Bueno criaram o Projeto Neumann, como é denominado o “braço” de desenvolvimento de games da Rede, objetivando areabilitação de pacientes com o transtorno.
Além de permitir o tratamento de um maior número de pessoas ao mesmo tempo, existe a facilidade de ser à distância, auxiliando psicólogos e pacientes. Outro fator importante é sua forma de tratamento, menos invasiva e considerada mais receptiva por crianças e jovens, os mais afetados pelo distúrbio. Foram desenvolvidos cinco jogos para que três grupos fizessem avaliações em momentos diferentes. Após analisarem cada resposta, a Neuro Games chegou ao aplicativo mais bem visto por especialistas e pessoas sem o transtorno: o “Caçador de Dragões”, que apresenta uma estrutura aparentemente simples.
No game, o Mago desempenha o papel de um paciente, que é perseguido por um Dragão, que possui uma aura protetora ao seu redor. A cada intervalo irregulares de tempo, entre 2 e 20 segundos, esta aura é fragilizada, instantes em que o jogador deverá atacar o seu perseguidor. Caso contrárío, será contragolpeado. Desta forma, o aplicativo evidencia o objetivo maior em termos psicológicos: controlar os impulsos, não realizando o ataque no momento indevido, e resistir à forte ansiedade que o TDAH provoca.
Benefícios também para autistas – Unindo diferentes realidades
Diferentes realidades podem se unir através da tecnologia e o professor doDepartamento de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Alberto Raposo, está atento a isto. Ele coordena uma pesquisa junto a um grupo de estudantes de mestrado e doutorado, que desenvolve games para que crianças e jovens autistas, conhecidos por se fecharem em universos particulares, possam se fixar mais na realidade. O objetivo é estimular sua capacidade de interação com outras pessoas e desenvolver a comunicação e outras habilidades, como fala e leitura. Embora a equipe venha aprimorando um jogo já desenvolvido, a meta é criar um aplicativo totalmente novo, a ser jogado em tablets e celulares.
O profissional que trabalha com crianças e jovens autistas disporá de várias opções de brincadeiras e a intenção do game é que o terapeuta, o professor ou os pais dos autistas escolham as opções mais adequadas às necessidades e às preferências de cada um. Assim, se a meta for desenvolver ou avaliar o raciocínio lógico, poderá escolher umquebra-cabeças. Se quiser explorar a habilidade de sequenciamento, a opção pode recair em uma história que leve a criança a concluir com a escolha mais adequada.
Outro game, em fase de aprimoramento, utiliza uma mesa touchscreen e tem como meta principal estimular a capacidade de comunicação entre autistas. Neste app, duas crianças ou jovens devem vestir um jogador de futebol com o uniforme do time, optando por camisa, calção, chuteiras e meião. Uma voz ao fundo descreve o que está acontecendo e incentiva os participantes. Eles só conseguirão cumprir a tarefa se houver colaboração mútua, através de uma comunicação em que mantenham a sincronia. Um deles deve escolher as peças do uniforme e colocá-las em um cesto para que, do lado oposto, o outro as recolha e posicione para vestir o personagem. Caso haja um desencontro entre eles, não se passa à fase seguinte. A sincronia e o sentido da colaboração são importantes para o desenvolvimento dos autistas. Segundo Alberto Raposo, “a prática pode contribuir para que eles desenvolvam mais a fala, as capacidades cognitivas e a interação social”.
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