ONU prega “mudança radical no estilo de vida” para combater o câncer

Muito se fala sobre prevenir o câncer – mas, de fato, pouco se faz. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, de cada 10 casos de câncer, apenas um tem origem puramente genética. É o que afirma o secretário geral das Nações UnidasBan Ki-moon. Ele lembrou que o aumento do número de casos da doença em pessoas jovens é um triste sinal de queo corpo humano não suporta o modo de vida moderno.
Estresse, longas jornadas de trabalho, pouca atividade física e alimentação pobre: bem vindo ao estilo de vida contemporâneo.

“O triste sinal é que o modo de vida do mundo moderno não é um modo de vida da qual a nossa máquina foi desenvolvida para suportar. Suportar, por exemplo, os males do tabaco, da ingestão abundante de álcool, os males dos alimentos artificiais ou do açúcar em excesso. Por isso a gente começa a ver cada vez mais casos de câncer em pessoas jovens, o que no passado era uma coisa extremamente rara.” afirma Ban Ki-moon.
Pela previsão do Instituto Nacional de Câncer, só no Brasil este ano teremos mais de 596 mil novos casos, principalmente de pele, próstata, mama, cólon e reto. O médico e diretor doInstituto Vencer o CâncerFernando Maluf, ratifica o posicionamento da ONU, e acrescenta que as pessoas devem adotar uma “mudança radical em seus estilos de vida”, medida importante para prevenir o câncer. A mudança deve envolver atividade física e alimentação saudável.

Reflita: quantas das suas refeições saem de embalagens?! Quanto mais industrializada sua alimentação, mais conservantes, corantes e aditivos você está ingerindo.

Alimentos estocados em condições inadequadas podem ser contaminados por um fungo(Aspergilus) que libera uma toxina cancerígena, a aflatoxina. Nos países asiáticos e africanos, a aflatoxina é uma das principais causas de câncer de fígado. Estima-se que, se fosse possível eliminar metade da aflatoxina presente em alimentos, haveria redução de 40% nos casos desse tipo de câncer nos dois continentes.
O consumo de peixes e carnes conservadas em sal, picles, certos molhos e outros alimentos muito salgados está associado ao câncer de estômago e ao carcinoma de nasofaringe(tumor que se instala na parte mais alta da faringe). Por outro lado, alimentação rica em frutas e outros vegetais protege contra o aparecimento de diversos tipos de tumores.
Ban Ki-moon também defendeu o “fim das tragédias” associadas ao câncer. Segundo ele,um terço dos casos poderiam ser evitados, muitos podem ser curados se o estágio for inicial e mesmo em casos de câncer avançado, os pacientes devem ter o benefício dos cuidados paliativos. Em outras palavras: câncer não é castigo, câncer é uma doença difícil e que precisa ser debatida para que as pessoas parem de temê-la sem informação adequada.
Tem gente que só de ouvir a palavra câncer já fica assim. Está na hora de mudar.

A mensagem do chefe da ONU foca no câncer cervical (de colo do útero), que afeta principalmente mulheres dos países mais pobres do mundo, onde são diagnosticados oito entre 10 casos. Ki-moon lembra que já existem o conhecimento e as ferramentas necessárias para que todas as mulheres do mundo sejam protegidas – como vacinas para evitar o HPV, exames ginecológicos e tratamento preventivo no pré-câncer.
Outra doença muito comum entre as mulheres é o câncer de mama, cujo número de casos subiu 20% nos últimos cinco anos, e cuja prevenção tem forte relação com atividade física. Comparadas com as sedentárias, mulheres que praticam pelo menos quatro horas de atividade física semanal têm risco 60% menor de desenvolver câncer de mama. Nas que já atingiram a menopausa, a prática de exercício físico também está associada a menor incidência, por causar diminuição dos níveis de estrógeno e da massa gordurosa.
Em relação ao número cada vez maior de pacientes jovens, Maluf afirma que o fator hereditário tem pouca relação – o que conta, mesmo, é o estilo de vida. Ou seja: prevenir o câncer não é fazer seus exames – essas medidas são importantes para um diagnóstico precoce, mas não evitam o surgimento da doença. Se você quer realmente ficar longe do câncer, mude seus hábitos de vida! 

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