BEATRIZ PIMENTEL

Beatriz Pimentel 2



Sou Beatriz Pimentel e tenho 28 anos. Quem descobriu meu câncer foi minha mãe e digo que foi Deus também. Porque esse ano eu não ia fazer meus exames de rotina e não tinha costume de realizar o autoexame. Eu estava com um carocinho saltando da minha mama esquerda no quadrante superior. Era visível! Minha mãe, que é médica, viu aquilo e achou estranho. Lá fui eu investigar com uma mastologista. Fiz um ultrassom e apareceu uma pipoquinha na imagem, um nódulo todo irregular. Eu, formada em Letras-Francês, estava feliz da vida com minha ignorância sobre nódulos malignos e jamais imaginaria ter câncer tão nova. Quando levei o resultado da imagem para masto, ela fez logo uma punção de agulha fina sem anestesia. Ô trem doído! Eu já estava com passagem comprada para Londres na semana seguinte, pois iria visitar meu pai, e pensava que o resultado eu receberia em terras inglesas: um simples fibroadenoma, uma espécie de bolinha singela de gordura. Para minha surpresa, a médica me liga no dia seguinte à agulhada querendo conversar pessoalmente. Eu fui a consulta cantando um mantra: “fibroadenoma, fibroadenoma, fibroadenoma…”. Cheguei lá e recebo a bomba: “Bia, você está com câncer de mama. É um carcinoma ductal invasivo de alto grau.” Ainda bem que minha irmã estava comigo! Porque depois dessa notícia, o resto eu não ouvia mais, foi um grande eco reverberando “alto grau” e “câncer”. Eu pensava: “poxa, porque não baixo grau?” Hahaha “Câncer, que palavra forte!”.


Essa semana do diagnóstico foi a mais terrível de todas! Até saber que estava localizado só ali no meu peito e que o danado era receptor de hormônios foi uma novela. Fugi de uma cirurgia em São Paulo já marcada no Sírio Libanês porque no dia anterior resolvi consultar com uma oncologista. Ela me aconselhou a começar pela quimioterapia. A verdade é que a ordem dos fatores não altera a cura.  Eu decidi começar pela químio primeiro para tentar uma cirurgia menos agressiva depois. Tenho peitões lindos e naturais, não sou mãe ainda e por isso, nunca amamentei. Lutei bravamente pelas minhas mamas hehehe Cá estou após 15 sessões de químio, faltando apenas uma para terminar essas poções mágicas da cura. Foram 4 vermelhas e 12 brancas, a cirurgia conservadora será em novembro e a radioterapia em janeiro 2016. Depois, acho que são 5 anos tomando tamoxifeno e vários exames de controle. O que aprendi nesses últimos 5 meses? Olha, MUITA coisa. Câncer não deveria ser essa doença tabu, graças a Deus descobri a doença no início e tenho chance de me curar. Descobri um lado espiritual meu depois de conhecer o João de Deus em Abadiânia e o Sri Prem Baba no Portal da Chapada. Reforcei o quanto sou amada e quanto sou forte. Deixei de me estressar com besteiras e passei a valorizar cada amanhecer pela chance de viver. Que mais? A careca! Foi difícil perder meu cabelão cacheado, mas hoje eu tenho orgulho da minha cabecinha de ovo. Já até senti minha carequinha numa cachoeira perto de Brasília, sensação única! Recomendo. Graças ao projeto Henna heals, a cura pela beleza, pude desfilar esse meu símbolo da luta em fotos. Tive a oportunidade de participar desse projeto maravilhoso junto a pessoas tão especiais. Agora estou me reconstruindo aos poucos, querendo renascer como mulher: cabelos novos e peitos novos. Mas realmente penso que a mudança maior foi interna. Amo a vida cada vez mais. Rezo agradecendo todo dia e espero poder ajudar outra mulheres no futuro. Talvez eu escreva um livro. Obrigada, Flavia Flores! Obrigada a todos do Estudio 3 em São Paulo. Obrigada minha família, meu namorado, minha amigas e meus médicos incríveis





















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