O sucesso do tratamento do câncer no mundo

Por Fernando Cotait Maluf - Publicado 20/02/2014 - Atualizado 20/02/2014
O sucesso do tratamento do câncer no mundo
A cura do câncer também permeia as estratégias que devem combatê-lo dentro do âmbito sócio-econômico e geográfico

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer e o banco de dados do GLOBOCAN estimam que 14,1 milhões novos casos de câncer foram diagnosticados em 2012 e 8,2 milhões de vidas foram perdidas em decorrência da doença. Nos últimos cinco anos alguns tumores, como o câncer de mama, tiveram sua incidência aumentada em 20%. Em poucos anos, o câncer ultrapassará as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte no mundo. Tão alarmante quanto estas projeções está o fato das diferentes chances de sucesso em relação as condições sócio-econômicas: pessoas com condições financeiras melhores ou de países desenvolvidos têm mais chances de cura.
De acordo com os números do GLOBOCAN, 56,8% dos casos de câncer no mundo e 64,9% das mortes decorrentes da doença estão em países subdesenvolvidos.
sucesso do tratamento do câncer de mama, o tumor mais comum na mulher, foi avaliado por este banco de dados em vários países do mundo. Na Europa Ocidental, em 2012, foram relatados 90 novos casos anualmente para cada 100.000 mulheres, comparado a 30 casos novos na África. No entanto, a mortalidade em ambas as regiões foi idêntica, 15 mortes anuais para cada 100.000 mulheres, ou seja, se a mulher com câncer de mama morar na África, suas chances de morrer da doença são três vezes maiores do que se ela estiver na Europa.
O câncer do colo de útero, o quarto mais comum entre as mulheres, ocorre em 70% das vezes nos países mais pobres. Um em cada cinco casos deste tumor é diagnosticado na Índia. A disparidade não se resume somente à incidência - que é cinco vezes maior nos países em desenvolvimento - mas também a diferentes chances de cura de acordo com a região. Se a paciente vive na África, as chances de sobrevivência ao câncer de colo de útero são um pouco mais que a metade, comparado com aquelas que moram na América do Norte.
No entanto, não precisamos ir até a África ou até a Índia para nos depararmos com este cenário de desigualdade extrema. Um recente estudo americano incluindo 105.972 pacientes submetidos a prostatectomia radical como tratamento do câncer de próstata localizado comparou os resultados entre os pacientes de raça branca (81.112 homens) e os de raça negra (14.006 homens). Homens de raça negra foram menos frequentemente tratados em hospitais de referência e por cirurgiões com experiência e, em parte, como consequência, foram mais transfundidos, permaneceram mais tempo hospitalizados, e apresentaram maiores taxas de mortalidade durante a internação hospitalar.
Estas brutais diferenças nas chances de quem sobrevive em relação a quem sucumbe da doença nas populações de países em desenvolvimento, ou até mesmo nos pobres de países desenvolvidos, é explicada pela baixa aderência da população (por desinformação, falta de acesso, entre outros, etc) aos programas de rastreamento, bem como pela inadequação da infraestrutura básica para que este seja realizado de forma efetiva.
Como consequência, os diagnósticos são feitos quando os tumores são mais avançados, e a falta de recurso, patente nestes países, fica ainda mais exposta quando somente alta excelência e tecnologia são suficientes para promover a cura nestes casos. A cura do câncer não está somente restrita as armas para silenciá-lo, mas também as estratégias que devem combatê-lo dentro do âmbito sócio-econômico e geográfico.
  Fonte: Instituto pela vida

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