Câncer de mama também pode atingir mulheres jovens e homens

Fonte: Dr. Artur Katz, coordenador de oncologia clínica do Sírio-Libanês.
Câncer de mama também pode atingir mulheres jovens e homens
​​Normalmente associado a faixas etárias mais avançadas, o câncer de mama tem atingido um número cada vez maior de mulheres mais jovens – muitas delas na faixa de 25 a 35 anos. As causas dessa mudança não estão totalmente esclarecidas pela medicina, mas é bem provável que a mudança de hábitos sociais das mulheres ao longo das últimas décadas tenha um papel importante nessa mudança.
Há aproximadamente 100 anos, a maioria das mulheres começava a menstruar por volta dos 16 anos, logo depois se casavam, tinham vários filhos e amamentavam todos. Assim, ao longo de toda sua vida fértil, estas mulheres tinham aproximadamente 40 ciclos menstruais. Hoje, muitas delas iniciam a menstruação com 11, engravidam só depois dos 30, têm apenas um filho e amamentam pouco, sendo que várias delas nem amamentam e como consequência têm em média 400 ciclos menstruais ao longo de suas vidas.
A comparação é feita pelo coordenador de oncologia clínica do Sírio-Libanês, Artur Katz. “É provável que existam outros motivos para essa mudança de faixa etária do câncer de mama, e estamos investigando. Mas tenho várias pacientes entre 25 e 35 anos que têm a doença e não se enquadram naqueles riscos clássicos, tais como evidência de histórico familiar, obesidade e abuso de álcool”, relata o médico. “Com esta mudança de comportamento ao longo dos anos, e um número muito maior de ciclos menstruais, as mulheres de hoje em dia são expostas à níveis de estrógenos produzidos pelo seu próprio organismos que chega a ser dez vezes maior do que na época da minha avó”, justifica.
Os estrógenos são os hormônios relacionados à ovulação e às características femininas. Eles agem também sobre o crescimento das células, pois as induzem a se proliferar, aumentando o tamanho de músculos, quadris e mamas das mulheres. Quanto mais menstruações, maior será a ação circulante de estrógeno no corpo, o que, por sua vez, pode aumentar a chance de ocorrer algum tipo de má formação celular, provocando o câncer.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres, representando 22% do total de novos casos de câncer no mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a estimativa é de que mais de 57 mil pessoas irão desenvolver a doença em 2014.
Como prevenir
Apesar de serem bem representativos nos números mundiais sobre o câncer, os tumores de mama, se diagnosticados e tratados oportunamente, têm boas chances de cura. O problema é conseguir descobrir precocemente quais são os tumores malignos.
Entre os meios diagnósticos mais utilizados estão o autoexame, feito pela mulher pelo tato, e a mamografia, realizada por uma máquina de raio X. Ambos, no entanto, estão em debate na medicina.
Para alguns médicos, o autoexame leva muitas mulheres ao medo de estarem com a doença e, devido a sua imprecisão, acaba por levar a algumas biopsias desnecessárias. Já a mamografia tem o seu uso contestado principalmente quando se torna rotina para as mulheres a partir dos 40 anos. Nesta faixa etária, há muitos casos de falso negativos para mulheres com mamas densas, nas quais um pequeno tumor pode passar despercebido, e em outras mulheres casos de falsos positivos, nos quais as alterações encontradas não são tumores malignos ou podem ser lesões inicias, in situ, que talvez nunca evoluíssem para casos mais graves.
O Ministério da Saúde estimula o autoexame como parte das ações de educação que contemplem o conhecimento do próprio corpo. Em relação à mamografia, a recomendação oficial é que seja realizada a cada dois anos por mulheres entre 50 e 69 anos, ou segundo indicações médicas.
Além disso, Katz reforça a importância do diálogo entre paciente e médico. “Muitas vezes, são as próprias mulheres as primeiras a descobrirem o início de um tumor, mas isso não significa que o autoexame deve substituir a ida ao médico”, ressalta. “Toda mulher deveria observar suas mamas no final do ciclo menstrual e ver se não há nada diferente. Às vezes, nos surpreendemos com algumas mulheres que já estão com nódulos grandes, mas que demoram muito para procurar ajuda”, acrescenta.
Sobre a mamografia, o especialista explica que o médico também irá ajudar a paciente a definir a melhor idade e a frequência para se iniciar o exame. “Os históricos pessoal e familiar de cada paciente é que vão dizer se a mamografia deve começar aos 40, 50 anos”, diz. Por outro lado, para mulheres muito idosas e de saúde mais frágil, e com exames prévios totalmente normais, talvez possa não fazer sentido a realização sistemática deste exame.
Na prevenção do câncer de mama, o que vale para todas as mulheres é controlar o peso, evitar o sedentarismo, praticando cerca de 150 minutos de exercícios aeróbicos por semana, tais como caminhadas, e o consumo de bebidas alcoólicas e não fazer reposição hormonal sem acompanhamento médico.
Alterações na pele que recobre a mama, áreas endurecidas, nódulos – geralmente indolores – e vermelhidão são sinais de alerta.
O mesmo vale para os homens, que embora sejam menos afetados pelo câncer de mama, não estão imunes à doença. Das 13.345 mortes registradas pelo Ministério da Saúde em 2011 por decorrência do câncer de mama, 120 foram em homens.
Fonte: Dr. Artur Katz, coordenador de oncologia clínica do Sírio-Libanês.

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