Novos tratamentos prolongam a vida


Garantir uma vida mais longa e melhor ao paciente depois do diagnóstico de câncer. Esse vem sendo o foco das pesquisas sobre o mal e do desenvolvimento de tratamentos, com resultados animadores.
Câncer: novos tratamentos prolongam a vida“Já conseguimos melhorar a qualidade de vida dos pacientes e, de três anos para cá, os estudos estão concentrados em novas drogas”, afirma Sérgio Daniel Simon, coordenador do departamento de oncologia do HIAE. “No futuro trataremos o câncer como uma doença crônica, com a qual o paciente pode conviver, apesar de não poder curar”, avisa o médico.
No futuro, trataremos o câncer como uma doença crônica, com a qual o paciente pode conviver, apesar de não poder curar
As conquistas se devem à combinação das terapias convencionais – quimioterapia e radioterapia – aos novos medicamentos. Essa união permite tratamentos menos agressivos e mais especificamente dirigidos às células cancerígenas.

Para onde apontam os estudos

Os focos de pesquisa em oncologia do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (IIEP), do Hospital Israelita Albert Einstein, estão divididos em dois grupos: genômica e imagem.
Atualmente, há estudos em genômica sobre quatro tipos de câncer:
  • do sistema nervoso central;
  • de cabeça e pescoço;
  • de mama;
  • osteosarcoma, um tumor ósseo que afeta principalmente os adolescentes;
“As áreas de concentração da pesquisa são definidas pela falta de tratamentos satisfatórios ou pela grande incidência da doença na população”, afirma Carlos Alberto Moreira-Filho, geneticista. Os próximos tumores a entrarem no estudo serão os de ovário e próstata.
As pesquisas em genômica têm o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) e estão em fase de validação. Os resultados desses estudos estarão disponíveis para testes clínicos em cerca de um ano.
Já as pesquisas de imagem têm transição quase que imediata dos estudos para a utilização pelos pacientes.  “Estamos na fase de pesquisa clínica, ou seja, a que é realizada com pacientes. Em breve teremos a aprovação final de novas metodologias para diagnóstico”, conta o dr. Moreira-Filho. A aplicação se dá nos casos de tumores do sistema nervoso central, mama e próstata. 

Tratamentos de hoje e de amanhã

Conheça as mais promissoras terapias, algumas vem sendo utilizadas em pacientes no Einstein.

Alvos moleculares

Recomendada em larga escala na Europa e nos Estados Unidos, a terapia de alvos moleculares ainda aguarda, no Brasil, a aprovação da maioria dos medicamentos alvo-dirigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
O objetivo do tratamento com essas drogas é dirigi-las para uma molécula anormal da célula de câncer, não permitindo que esta funcione. O procedimento é realizado de várias maneiras: “Pode ser um anticorpo que gruda na molécula e a impede de funcionar ou até uma molécula que destrói a anormal e impede o crescimento do tumor”, explica o oncologista Sergio Simon.
A terapia é indicada para qualquer tipo de câncer, desde que o alvo molecular – parte da célula com o gene do câncer – seja identificado. Essa identificação é possível por meio de pesquisas em laboratório. “Os tumores nos quais mais utilizamos esse tratamento são de mama, pulmão, intestino e rim”, completa o dr. Simon.

Antiangiogênese

Os princípios desse tratamento são os mesmos da terapia de alvos moleculares. A diferença é que na antiangiogênese o medicamento pode levar a célula tumoral à morte, porque bloqueia a produção dos vasos sanguíneos. Ou seja, as células cancerígenas são destruídas por falta de nutrientes.
Os resultados são promissores. “Mas os medicamentos são caros e ainda não foram aprovados no Brasil”, explica o oncologista. As principais aplicações do tratamento são nos tumores de intestino, rim e do sistema nervoso.

Imunoterapia

Uma promessa futura, essa terapia consiste em estimular as células de defesa do organismo para atacarem as células cancerígenas. Tal reação pode ser provocada de várias maneiras, sendo uma delas a vacina. “É um tratamento ainda experimental, em fase de testes, mas que já mostrou resultados positivos em alguns tipos de tumor como o de rim e o de pele” ressalta o dr. Simon. “Não utilizamos a imunoterapia no Einstein pela falta de comprovação de resultados”, completa o médico.

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