Quimioprevenção


O que é?
Quimioprevenção é a utilização de medicamentos (agentes químicos naturais ou sintéticos) na reversão, bloqueio ou prevenção do surgimento do câncer em determinados grupos de risco. A prevenção de doenças com medicamentos é usada há muito tempo em outras especialidades como, por exemplo, os remédios para pressão alta que são empregados na prevenção das doenças do coração, rim e do cérebro. Os compostos que comumente participam dessa quimioprevenção são os agentes anti-inflamatórios, antioxidantes, antagonistas hormonais, entre outros.
Em que casos pode ser utilizada?
De acordo com a literatura médica, no que diz respeito ao câncer de mama, a quimioprevenção é indicada para diminuir as chances de desenvolver a doença em mulheres que apresentam alto risco para câncer de mama, ou seja, que têm antecedentes familiares ou mutações genéticas para determinado tipo de câncer. Mutações nos genes BRCA1, BRCA2 ou outros genes conferem risco muito maior do que casos de histórico familiar. 
Além disso, segundo o oncologista clínico Rodrigo Moura, não são todos os tipos de câncer de mama em que a quimioprevenção é eficaz: os estudos de quimioprofilaxia, seja com tamoxifeno, raloxifeno, exemestane ou anastrozol, que são as medicações mais estudadas nessa indicação, mostram que há redução da incidência de câncer de mama, basicamente, para cânceres com receptores hormonais positivos, que são a maioria, entre 65% a 75% dos casos. No entanto, os estudos não apontam a redução da incidência de casos com receptores hormonais negativos, que são os tumores mais graves, e, normalmente mais agressivos.
Quimioprevenção x Mastectomia
A mastectomia profilática (cirurgia de remoção da mama para prevenção) com reconstrução mamária imediata é a medida mais eficaz para evitar o surgimento do câncer de mama em mulheres com risco aumentado de desenvolvê-lo, porém também é a alternativa mais agressiva. A quimioprevenção é uma forma menos agressiva de prevenção primária que também apresenta eficácia comprovada. Por exemplo, o tamoxifeno, que foi a primeira droga aprovada para quimioprevenção em câncer de mama no Brasil, diminui em 50% o risco de incidência da doença em pacientes pós-menopausa e em pacientes na pré-menopausa que estão no grupo de risco de desenvolver câncer de mama. Além disso, os efeitos observados com o tamoxifeno persistem vários anos após a descontinuação do tratamento. 
Sendo assim, a quimioprevenção pode ser vista como alternativa a uma mastectomia radical em casos específicos, mas deve-se levar em conta as necessidades  e desejo da paciente, possibilidade e acompanhamento posterior, além de esclarecidas todas as vantagens, desvantagens e eficácia de cada conduta.
Quimioprevenção no Brasil
Embora pouco se fale sobre isso no Brasil, esse é um assunto já bastante debatido na comunidade médica internacional. Em nosso país, medicamentos para o câncer de mama com eficácia comprovada para prevenção não são indicados ou pagos pelos sistemas público e privado de saúde. O SUS e os planos de saúde fornecem o Tamoxifeno, por exemplo, apenas como adjuvância (fase do tratamento realizado após cirurgia de retirada de tumor para eliminar possíveis células cancerígenas remanescentes), mas não como prevenção. Pacientes de alto risco, que teriam indicação como prevenção, não têm a chance de usar o medicamento na rede pública. 
Lembre-se:
Medicamentos de quimioprevenção nunca devem ser usados sem a indicação de um especialista. Se utilizadas sem o conhecimento de um oncologista, os medicamentos podem ser maléficos, ao invés de benéficos para sua saúde, visto que a maioria dos quimioterápicos possuem efeitos colaterais. 

Com informações de Revista Rede Câncer/Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva | Edição 24 | Abril de 2014

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